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Mês de Abril - Conscientização sobre o Autismo

Mês de Abril - Conscientização sobre o Autismo

6 meses atrás


O autismo é um dos mais conhecidos entre os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID). É marcado pelo início precoce de atrasos e desvios no desenvolvimento das habilidades sociais, comunicativas e cognitivas, ocorrendo uma interrupção dos processos normais.

Enquadra-se no Transtorno Global do Desenvolvimento (também chamado de Transtorno do Espectro Autista), caracterizado por alterações significativas na comunicação, na interação social e no comportamento da criança. Essas alterações levam a importantes dificuldades adaptativas. Têm chances de surgirem muito precocemente, podendo ser percebidas, em alguns casos, já nos primeiros meses de vida. As causas ainda não estão claramente identificadas, porém já se sabe que o autismo é mais comum em crianças do sexo masculino e independe da etnia.

Nas estatísticas, a prevalência sugere que cerca de três a cinco crianças em cada mil são afetadas por um distúrbio do espectro do autismo. Destes, 2/3 do sexo masculino e 1/3 do sexo feminino.  Das características mais marcantes percebidas nos portadores do chamado TEA, nos chama a atenção: falha no desenvolvimento da linguagem e interação social; desordens gastrointestinais; diminuída produção de enzimas digestivas; inflamações da parede intestinal levando à permeabilidade intestinal alterada e todas essas condições agravam os sintomas dos portadores da doença.

Vários pontos de preocupação afetam os pais e cuidadores, mas o papel dos pais e familiares seria que eles incentivem e trabalhem, junto à criança, sua independência e eliminem a necessidade da ajuda constante e direta de outra pessoa.

Devido à natureza dos Transtornos Globais do Desenvolvimento, as intervenções devem ser multidisciplinares, contemplando os aspectos da psicologia, fonoaudiologia e nutrologia, bem como outras práticas esportivas, educacionais, comportamentais, etc.

A literatura científica tem nos mostrado que, com relação à alimentação, especialmente na hora da refeição, três aspectos mais marcantes são registrados:

1.   seletividade, que limita a variedade de alimentos, podendo levar a carências nutricionais; 2.   recusa, mesmo ocorrendo a seletividade é freqüente e                                                                   três.    a não aceitação do alimento selecionado o que pode levar a um quadro de desnutrição calórico-proteica e a indisciplina que também contribui para a inadequação alimentar.

A má alimentação e a falta de equilíbrio energético são motivos de especial preocupação, pois, a ingestão de micro nutriente está estreitamente relacionada com a ingestão de energia.  A ingestão de qualidade e quantidade adequadas por essas crianças deixa a desejar, propiciando nível de carência nutricional bem severa.

Alguns trabalhos mostram que a ingestão de uma dieta com menos teor de glúten e lácteos pode levar à melhora das funções cognitivas, porém mais estudos precisam ser realizados.

Tanto a magreza quanto à obesidade são condições que podem acometer os portadores de TEA.

A inclusão de ômega 3, magnésio e vitaminas do complexo B, podem ajudar no quadro nutricional, nas funções cognitivas e desenvolvimento global, bem como uma dieta de exclusão de glúten e lácteos, porém essa última assertiva, ainda carece de mais estudos.

Hoje em dia o eixo intestino-cérebro está provando que a necessidade de uma alimentação natural, rica em fibras, em nutrientes não sintéticos, em micronutrientes e isento de ultra-processados é benéfico para várias condições mórbidas, tanto em saúde individual quanto coletiva.

Nós do serviço de Nutrologia do CRSMCA, estamos sempre buscando os mais recentes estudos e aprimoramento, para atendermos da melhor maneira nossos pacientes com TEA, que é um grande desafio.

Dra. Marcia Aparecida Picolli - Médica Pediatra e Nutróloga do CRSMCA- Mauá- abril / 2024